Saltar para o conteúdo principal da página
Património Cultural
Património Mundial

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos

Descrição

Congonhas do Campo situa-se no Estado de Minas Gerais, na vizinhança da cidade de Ouro Preto. A sua origem está relacionada com a actividade dos mineradores que fundaram diversos povoados ou arraiais na região, um dos quais teve por padroeira Nossa Senhora da Conceição e recebeu o nome de Congonhas do Campo.
A iniciativa da construção do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, no morro do Maranhão, ladeira íngreme situada junto ao arraial de Congonhas do Campo, é atribuída ao português Feliciano Mendes. Na sequência de uma grave doença, Feliciano Mendes terá invocado o auxílio do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos, e tendo sido acudido na sua súplica, votou a vida ao eremitério. No cimo do monte do Maranhão terá implantado uma cruz, iniciando assim o culto sob invocação do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos e prometendo que aí se haveria de construir um templo.
No ano de 1758, iniciaram-se as obras sob direcção de António Gonçalves Rosa e António Rodrigues Falcato.
Em 1761, já a capela-mor estava construída, tendo sido a obra executada por Francisco de Lima Cerqueira. Em 1765, Feliciano Mendes faleceu, mas por esta data já o templo estava quase concluído.
Na campanha de obras do Santuário trabalharam os melhores artistas de Minas Gerais, facto que atesta o empenho do seu encomendador mas também a rápida difusão do culto ao Senhor do Bom Jesus de Matosinhos. Face à crescente acumulação de esmolas, foi criada uma confraria, o que permitiu transformar um simples templo num grande santuário.

O projecto de santuário consistiu na construção de um adro, com escadaria pontuada com doze estátuas dos profetas e, no declive fronteiro à igreja, na construção de capelas com as cenas da Paixão (ou Passos) de Cristo, tão ao gosto português, como se verifica nos santuários do Bom Jesus de Matosinhos ou de Braga.
O conjunto escultórico dos Passos foi esculpido, entre 1796 e 1799, pelo célebre Aleijadinho, com o auxílio dos seus ajudantes especializados. Esculpidos em madeira, estes conjuntos apresentam policromia posterior, estando esta atribuída ao pintor Manuel da Costa Ataíde.
O conjunto escultórico dos Doze Profetas, encomendado ao Aleijadinho em 1800, foi esculpido em pedra de sabão.
A fachada da Igreja, guarnecida de cunhais, pilastras e cimalha, é ladeada por duas torres encimadas por cruz pintada de branco. O altar-mor e as capelas laterais apresentam dossel e ornatos barrocos. Sobre o trono, o templo ostenta a imagem de Cristo crucificado ladeado por dois anjos. Na capela-mor e por toda a nave da igreja, existem vários painéis representando cenas bíblicas.

Outras ligações:
UNESCO - Sanctuary of Bom Jesus do Congonhas

Bibliografia

Bazin, Germain, Aleijadinho et la sculpture baroque au Brésil, Paris, Le Temps, 1963.

Dias, Pedro, Arte de Portugal no Mundo, Brasil - Arquitectura Civil e Religiosa, Lisboa, Editor Público – Comunicação Social, S.A., 2008.

Guia dos Bens Tombados. Brasil, Coordenação de Maria Elisa Carrazzoni, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura com o Apoio Cultural da Caixa Econômica Federal, 1987.

Guia dos Bens Tombados. Minas Gerais, Coordenação de Wladimir Alves de Souza, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, com o Apoio Cultural de Credi-Real – Banco de Crédito Real de Minas Gerais, 1984.

Jorge, Fernando, O Aleijadinho: sua vida, sua obra, seu génio, S. Paulo, 2ª ed., Bruno Buccini Editor e Edições Leia, 1961.

López, Santiago Sebastián, “El Programa Iconográfico de Congonhas do Campo, Integración de Brasil en la espiritualidad de la Contrarreforma”, in Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, 2ª série – 1º volume, Santiago do Cacém, Regia Academia Archaelogica Lusitana, 1987, pp.110-128.

Património da Humanidade, World Heritage e Sites in Brazil, Pesquisa e Texto Percival Tirapeli, São Paulo, Metalivros, 2000.