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Património Cultural
Património Mundial

Centro Histórico de S. Salvador

Descrição

S. Salvador da Baía localiza-se no extremo leste do Estado da Baía, na Zona do Recôncavo, tendo sido fundada em 1549 por Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil.
Antes de S. Salvador, apenas tinham sido instituídas as cidades de S. Vicente, em S. Paulo (1532), e Olinda, em Pernambuco (1537). O aglomerado urbano iniciou-se no terreno em escarpa, de forma a ficar protegido de ataques inimigos. Só mais tarde, com a expansão e crescente importância da cidade, a malha urbana se estendeu em direcção ao mar, ocupando uma estreita faixa costeira. Até hoje, esta ocupação peculiar está presente na toponímia local, uma vez que S. Salvador se divide em Cidade Alta e Cidade Baixa.
S. Salvador da Baía foi a primeira capital do Brasil entre 1549 e 1763, ano em que o poder foi transferido para a cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro. Centro político e económico do ciclo da cana-de-açúcar e primeiro mercado negreiro do Novo Mundo, a S. Salvador chegavam, a partir de 1558, os escravos destinados aos trabalhos das plantações.
O porto da cidade, localizado na Bahia de Todos os Santos, era um dos mais importantes sob o ponto de vista comercial e localização estratégica. Ali escalavam todas as frotas que se dirigiam ao Brasil e às feitorias de África, Índia e China.
S. Salvador é considerado o maior conjunto arquitectónico colonial da América Latina e integra cerca de 3.000 imóveis datados dos séculos XVII ao XIX.

O centro histórico de Salvador preserva a malha urbana traçada no século XVI.
O Terreiro de Jesus é formado por um conjunto de construções civis que confluem para a Igreja de S. Domingos.
A Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, obra projectada por Gabriel Ribeiro e iniciada em 1703, ostenta uma imponente fachada plateresca e no interior alberga um dos melhores exemplos do repertório ornamental barroco. No claustro existem painéis figurados de grande interesse para a história de Portugal e, na sala do consistório, conservam-se dez painéis figurados com representação da área urbana da Lisboa do século XVIII. O convento de S. Francisco apresenta o maior conjunto de azulejos portugueses do mundo (cerca de 55.000).
A construção da Igreja da Ordem Terceira do Carmo iniciou-se em 1709 e perdurou durante anos. Contudo, em 1786, um incêncio destruiu o edifício e a sua reconstrução foi iniciada em 1788. Inaugurada em 1803, ostenta obra de talha dourada executada por José Nunes Santana e pintura de tectos executada por José Teófilo de Jesus.
A Igreja e Convento de Santa Teresa, da ordem dos carmelitas descalços, foram fundados em 1665 no local onde existira em tempos uma igreja dedicada a Santa Teresa. A inauguração do convento data de 1686 e a igreja ficou concluída em 1697. A partir de 1959 foi instalado no local o Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Baía, cujo acervo é considerado o maior de arte sacra do Brasil.
A Casa da Câmara e Cadeia, actual Paço Municipal, está inserido na mais antiga praça de Salvador, no alto da colina e em frente ao porto. O edifício, com uma imponente torre sineira, serviu posteriormente de modelo a outras construções administrativas. Construída entre os séculos XVII e XVIII, o primeiro andar estaria originalmente reservado a sala de deliberações, de audiência de magistrados, orgãos civis e criminais. O piso térreo estava reservado a duas prisões, uma masculina e outra feminina. O pátio abrigava uma capela dedicada a Santo António, e muito utilizada pelos prisioneiros.
A actual Igreja Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia é resultado da terceira construção no local. O projecto é atribuído a Manuel Cardoso de Saldanha e as obras de construção decorreram ao longo do século XVIIII. A pintura dos tectos da basílica é atribuída a José Joaquim da Rocha, figura dominante da pintura baiana da segunda metade do século XVIII.

Outras ligações:
UNESCO - Historic Centre of Salvador de Bahia

Bibliografia

Dias, Pedro, Arte de Portugal no Mundo, Brasil - Arquitectura Civil e Religiosa, Lisboa, Editor Público – Comunicação Social, S.A., 2008.

Guia dos Bens Tombados. Bahia, Coordenação de Alcidio Mafra de Souza, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1983.

Guia dos Bens Tombados. Brasil, Coordenação de Maria Elisa Carrazzoni, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura com o Apoio Cultural da Caixa Econômica Federal, 1987.

Património da Humanidade, World Heritage e Sites in Brazil, Pesquisa e Texto Percival Tirapeli, São Paulo, Metalivros, 2000.