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Património Cultural

Prémios 18/07/2023

Prémio Estudar a Dança 2022 atribuído a Isabel Gonzaga e menção honrosa a Vanessa Montesi

Isabel Gonzaga vence a segunda edição do Prémio Estudar a Dança com uma tese de doutoramento intitulada “Encenar Le Bourgeois Gentilhomme: reconstruir, interpretar e adaptar uma comédie-ballet de Molière, Lully e Beauchamp". O prémio tem um valor pecuniário de cinco mil euros e é uma iniciativa da Direcção-geral do Património Cultural, através do Museu Nacional do Teatro e da Dança (MNTD), com o patrocínio da Fundação Millennium bcp.

Foi atribuída, ainda, uma menção honrosa, sem valor pecuniário associado, a Vanessa Montesi pela sua tese "Moving across page, stage, canvas: theatrical dance as a form of intermedial translation".

A cerimónia de entrega do prémio acontece no dia 20 de julho, às 18h30, no Museu Nacional do Teatro e da Dança.

Vencedora

Isabel Gonzaga é a investigadora distinguida na segunda edição do Prémio Estudar a Dança, com uma Tese de Doutoramento que reconstrói a dança barroca francesa.
Tendo por caso de estudo a obra Le Bourgeois Gentilhomme estreada em 1670 (texto de Molière, música de Lully e coreografia de Beauchamp), Isabel Gonzaga reflete sobre o facto de “as danças desta comédie-ballet não [terem sido] alvo de um registo material, não se conhecendo, por isso, a coreografia original”, “ao contrário dos diálogos e da sua música, cuja preservação foi assegurada pelos seus criadores”.
Segundo a autora, a investigação pretende “contribuir para a divulgação da dança que se praticava na corte e nos teatros franceses dos séculos XVII e XVIII”, mas também para promover “a reflexão sobre a maneira como, presentemente, estas danças são apresentadas ao público”.
A decisão do júri foi unânime em atribuir o galardão a esta tese “pelo preciso enquadramento nas coordenadas do Prémio, e por uma manifesta boa conjugação da avaliação histórica da peça de Molière, com a explicitação prática das danças indicadas no próprio texto teatral”.
A Tese foi defendida em 2021 no âmbito da Universidade de Lisboa, envolvendo a Faculdade de Belas-Artes, a Faculdade de Letras, o Instituto de Ciências Sociais e o Instituto de Educação, tendo a colaboração do Instituto Politécnico de Lisboa, através da Escola Superior de Teatro e Cinema, da Escola Superior de Dança e da Escola Superior de Música.
Isabel Gonzaga concluiu o Curso de Dança da EDCN, a licenciatura em Flauta de Bisel da ESML, o Curso de Educação pela Arte e o Doutoramento em Artes da UL.
Dedica-se ao estudo e interpretação da música e da dança antiga, tendo trabalhado sob a orientação de bailarinos, músicos e investigadores em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Foi professora de Danças Históricas na EDCN e de Dança Antiga na EMCN. Desde 1989, é professora de Flauta de Bisel na AAM e desde 1997, na EMCN.
É membro fundador do grupo Canora Turba (Música e Dança Antiga), criado em 1990, onde exerce funções de flautista de bisel, bailarina, coreógrafa e encenadora. Desde então, tem interpretado, adaptado, reconstruído e criado repertório musical e de dança dos períodos renascentista e barroco, apresentando-o em espetáculos por todo o país.

 

Menção honrosa

Foi igualmente unânime, a decisão de atribuir, pela primeira vez, uma menção honrosa que distinguiu a tese "Moving across page, stage, canvas: theatrical dance as a form of intermedial translation", de Vanessa Montesi.

A Tese foi defendida em 2022, no contexto da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e o júri considerou que o trabalho “propõe, com inteligência, uma leitura transdisciplinar da obra Jérôme Bosch: Le Jardin des Délices, de Marie Chouinard, e de Froth on the Daydream, de Mathieu Geffré”.

A investigadora apresenta uma “conceptualização da tradução através da lente da dança teatral”, perguntando “como é que a dança teatral nos pode ajudar a entender a tradução intermedial”. Com base nos dois casos de estudo - coreografias a partir da pintura O Jardim das Delícias, de Jerónimo Bosch, no primeiro caso, e do romance de Boris Vian, A Espuma dos Dias, no segundo caso -, Vanessa Montesi propõe uma “redefinição da tradução”, que “surge como uma prática criativa e corporal (e, portanto, política) profundamente entrelaçada com questões de memória e a luta pela representação”.

Vanessa Montesi é doutorada em Estudos Comparados pela UL, onde foi bolseira da FCT. É membro do Centro de Estudos Comparados da mesma universidade, onde integra o grupo P'ARTE: Pensar Praticar Partilhar Perturbar Praticar Arte e assistente de investigação do grupo de pesquisa Ecologias Dramatúrgicas, sediado na Universidade de Concórdia (Canadá). Tem um BA em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade de Bolonha (Itália) e mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade de Sheffield (Reino Unido). Os seus interesses de pesquisa abrangem tradução, dança e intermidialidade.

 

Entrega do prémio

O prémio será entregue a dia 20 de julho, às 18h30, numa cerimónia a decorrer no Museu Nacional do Teatro e da Dança, e que contará com a presença das doutoradas e dos seus orientadores académicos, sendo uma oportunidade para conhecer mais profundamente os trabalhos de investigação galardoados.

 

O Prémio

O Prémio Estudar a Dança, que celebra o extraordinário espólio do MNTD, destina-se a galardoar trabalhos académicos de excecional qualidade que contribuam para o conhecimento desta Arte, estimulando o desenvolvimento uma área disciplinar que tem sido pouco cultivada no nosso país.

O júri é constituído por José Sasportes, que preside, Ruy Vieira Nery, José Carlos Alvarez e pelo diretor do Museu, Nuno Costa Moura.

O prémio tem o patrocínio da Fundação Millenium bcp que, desta, forma se associa ao reconhecimento e incentivo da investigação académica nas artes performativas, designadamente da dança teatral.

Nos termos do Regulamento, este é um galardão anual que se dirige alternadamente aos trabalhos de investigação de mestrado e de doutoramento.

Depois de, na primeira edição, ter galardoado a dissertação de mestrado sobre o impacto da Internet na Dança teatral contemporânea, com o título de “Dança e Internet – Conectividade e Participação na Criação Coreográfica” da autoria de Raquel Madeira, nesta 2ª edição, o Prémio contempla teses de doutoramento sobre a história e/ou a estética da dança teatral, defendidas nos últimos cinco anos num estabelecimento de ensino nacional ou estrangeiro.

Sublinha-se que o Prémio Estudar a Dança surge na sequência de uma significativa doação feita por José Sasportes em 2015, que tornou a biblioteca e o arquivo deste Museu no mais amplo acervo bibliográfico e documental no campo da dança teatral em Portugal, a par do notável património deste Museu relativo à evolução da dança. Por esta razão o então Museu Nacional do Teatro passou a ter a designação oficial de Museu Nacional do Teatro e da Dança.

 

Regulamento:

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/static/data/premioestudaradanca/regulamento.pdf