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Património Cultural

Exposições Até 1 de agosto

“José Régio [Re]Visitações à Torre de Marfim”

Está patente no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, até 1 de agosto, a exposição José Régio [Re]Visitações à Torre de Marfim.

Sob curadoria de Rui Maia, a exposição reúne mais de 100 desenhos de cariz intimista e três cadernos manuscritos do poeta, num autêntico cruzamento entre desenho e poesia. Iniciativa das câmaras municipais de Vila do Conde e de Portalegre, cidades intimamente ligadas à vida e obra do poeta, a mostra foi inaugurada em 2019 na passagem dos 50 anos sobre a morte de José Régio, podendo agora ser visitada no Porto.

SINOPSE

Nos fragmentos do diário de José Régio, redigidos na reclusão da Torre de Marfim, fixaram-se as impressões primeiras para a sua arte, conseguidas na transparência da comunicação para consigo mesmo, no qual estabelece as marcas do ideário regiano, tão poeticamente plasmado no grito que é - Cântico Negro.

“Não sei por onde vou,

- Sei que não vou por aí!”

Versos finais do poema para o volume de poesia Poemas de Deus e do Diabo, surgem marcados pela rutura e pelo ímpeto de “invenção, criação e descoberta” n’ “aquela em que o artista insuflou a sua própria vida, e por isso mesmo passa a viver de vida própria”, passa a ser literatura viva.

Na longa experiência da presença teoriza um dos seus grandes projetos, o da unidade das artes, assente na descrição das relações de “interdependência” e de “intercâmbio” dos sentidos. Esta, no articulado com a “busca” por uma fórmula síntese, desperta um entendimento outro para os desenhos dos cadernos de Novos Poemas de Deus e do Diabo, manuscritos de 1926-27 e 1927-29.

Desenhos de cariz intímista, referências do imaginário do poeta, fixados a tinta-da-china, aguada, lápis de cor e cera pigmentada, consolidando o risco prévio a grafite, marcam o manuscrito do autor, ora incluídos na tessitura do poema, ora antecipando-o ou sucedendo-o, materializando a impressão fugaz que lhe parecia escapar.

Apesar das qualidades plásticas expressivas, estes ignoram a ambição da “obra perfeita”, surgindo enquanto hipótese para os “relevos” e “sugestões” da humanidade do artista, na sua “riqueza, complexidade, originalidade e singularidade”, parte de um sistema poético em experimentação.

O lugar do desenho no processo e laboratório de criação de José Régio, da qual a Torre de Marfim é o símbolo, ultrapassa a exclusividade de parte da fórmula ou sistema poético, ele multiplica-se em soluções díspares, disseminando-se e contaminando a demais produção literária do autor, em propostas merecedoras de constantes [re]visitações.

Rui Maia

Curador

Organização:
MNSR/DGPC
Local:
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto

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