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Património Cultural

Apresentações/ Lançamentos 28 de março, às 17h00

Inauguração da Sala dos Arcos e Apresentação do painel "Triunfo de David"

O Museu Nacional do Azulejo vai inaugurar no próximo dia 28, terça-feira, pelas 17h00, a Sala dos Arcos e apresentar o painel "Triunfo de David", recentemente adquirido pelo Ministério da Cultura.

Dignam-se estar presentes o Senhor Ministro da Cultura e a Senhora Secretária de Estado da Cultura.

Com a reabilitação da chamada Sala dos Arcos e a apresentação de um novo projeto museográfico, com o apoio mecenático da Fundação Millennium bcp, o Museu Nacional do Azulejo dá continuidade à renovação da sua exposição permanente, disponibilizando aos seus visitantes painéis de azulejo inéditos que passarão a constituir referência para os especialistas e para o público em geral.

Ao longo dos últimos anos, a Fundação Millennium bcp tem-se afirmado enquanto mecenas do Museu Nacional do Azulejo ao apoiar não só a concretização de exposições temporárias, mas sobretudo iniciativas estruturantes do espaço expositivo do Museu e do antigo convento a Madre de Deus onde este se encontra instalado.

Foi o caso, em 2015, do Restauro integral da sala chamada de D. Manuel, possibilitando a fruição pública do importante conjunto de painéis de azulejos setecentistas que a revestem, e é agora o caso do espaço conhecido como Sala dos Arcos.

A Sala dos Arcos, situada no piso superior do antigo convento da Madre de Deus e assim chamada devido ao formato das suas janelas contíguas ao claustro de D. João III, passa a apresentar um novo projeto museográfico dedicado à azulejaria barroca e rococó da segunda metade do século XVIII.

Este projeto, com autoria dos arquitetos Mariano Piçarra e Luís Afonso Carvalho, apresenta cerca de 40 obras, 16 das quais mostradas pela primeira vez ao público depois de um criterioso processo de restauro a cargo da equipa especializada do Museu.

Na narrativa da exposição permanente do Museu Nacional do Azulejo, a Sala dos Arcos passa a ser o espaço privilegiado para a apresentação da azulejaria da Grande Produção Joanina (1725-1750), assim designada por coincidir parcialmente com o reinado de D. João V (1706-1750), de que reflete a opulência e ostentação.

Aqui passam a estar expostos alguns dos mais qualificados e representativos exemplares da coleção do Museu, permitindo usufruir e compreender este momento riquíssimo da manufatura azulejar portuguesa.

Entre as obras deste período, apresentadas pela primeira vez, é possível destacar uma Batalha de Alexandre, sumptuoso painel recortado de grande efeito cenográfico, ou um invulgar relógio de parede em azulejos, restituído à sua função original pela recolocação do ponteiro.

Também nesta sala passam a ser apresentados os exemplares produzidos no rescaldo do Terramoto de 1755. Veículo da nova estética Rococó, patente, desde logo, em molduras de formas concheadas irregulares que deixaram para trás o gosto pelo contraste entre o azul e branco, para valorizar uma paleta onde a cor voltou a ser dominante.

Destaque, entre as obras inéditas, para um painel de grande dimensão representando uma Alegoria às Estações do Ano, proveniente do hospital de Santa Marta, em Lisboa.

O “Triunfo de David”, painel de azulejos holandês adquirido pelo Ministério da Cultura

O painel de azulejos holandês o “Triunfo de David”, obra datável de c. 1680-1690, provável manufatura de Cornelis Van der Kloet, pai do autor dos azulejos da Igreja da Madre de Deus, foi adquirido, em final de 2022, pelo Ministério da Cultura, numa ação que antecipou a constituição da Comissão de Aquisições de Obras de Arte, passando a integrar a coleção do Museu Nacional do Azulejo e, no futuro, a sua exposição permanente.

Trata-se de uma obra imponente, com quase nove metros de comprimento por 1,70 metros de altura, constituída por três cenas: a “Morte de Golias por David”, a cena central com o “Triunfo de David” propriamente dito e “David eliminando o leão e o urso”. A sua dimensão é digna de registo, pois esta é uma das características que torna única a azulejaria holandesa presente em Portugal. Com uma exceção conhecida em Espanha, só para o nosso país foram produzidas peças desta grandeza pelas manufaturas holandesas.

Para além da sua relevância artística, este painel tem o interesse acrescido de ter incluído, em finais do século XVII, uma encomenda feita à Holanda para um espaço português, muito provavelmente de cariz religioso. De pintura a azul sobre branco, trata-se de uma das obras da azulejaria holandesa, encomendadas nesta época, que terão influenciado, de forma decisiva, o curso da azulejaria nacional. Efetivamente, em resposta ao interesse da clientela portuguesa pela sofisticada produção holandesa que, ao utilizar a pintura a azul sobre branco, ecoava o prestígio da porcelana da China, as oficinas portuguesas fizeram a mesma opção estética dando, desta forma, início ao chamado “Ciclo dos Mestres” (1690-1725) e à monocromia predominante até meados do século XVIII.

De destacar também que esta obra esteve presente na 6ª Exposição Temporária de Azulejos, realizada no Museu Nacional de Arte Antiga, em Março de 1947, a qual constituiu a génese do projeto, da autoria do Engenheiro João Miguel dos Santos Simões, que viria a dar origem ao que é hoje o Museu Nacional do Azulejo.

Este “Triunfo de David” faria parte de um conjunto adquirido por um antiquário de Lisboa numa quinta próximo de Sacavém, a chamada Quinta Nova do Castelar, destruída aquando da construção do Aeroporto da Portela, e que para aqui fora transferido de um espaço de colocação original que se desconhece.

Esteve durante alguns anos depositado no Museu Nacional de Arte Antiga, tendo sido adquirido pelo avô do último proprietário privado, provavelmente no final da década de 1960.

Em 2022, este colecionador contatou o Museu Nacional do Azulejo informando que pretendia vender esta obra, capaz de suscitar o maior interesse de museus e colecionadores privados internacionais, mas que considerava da maior importância a continuidade da sua permanência em Portugal.

Concretizado este desígnio no final do ano passado graças à aquisição do Ministério da Cultura, o “Triunfo de David” pode agora ser usufruído pelo público do Museu Nacional do Azulejo e afirmar-se entre as obras mais destacadas da sua coleção.

Com a inauguração simultânea da Sala dos Arcos e a apresentação pública do “Triunfo de David” conjuga-se neste espaço e momento o que de melhor pode ocorrer no âmbito do financiamento e mecenato patrimonial: a criteriosa aquisição de peças que enriquecem decisivamente as coleções nacionais, fruto de um inteligente investimento cirúrgico por parte do Estado; e o generoso apoio e incentivo que entidades privadas fomentam na consolidação de uma oferta cultural mais rica, diversificada e plural.

Organização:
MNAz/DGPC
Local:
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa

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