Música 15 de setembro, às 19h00
Homenagem a Egberto Gismonti com Yuri Marchese (Guitarra) – Brasil
No dia 15 de setembro, pelas 19h00, o Museu Nacional da Música apresenta uma Homenagem a Egberto Gismonti, com um concerto de Yuri Marchese (Guitarra) – Brasil.
Organização: Associação dos Amigos do Museu Nacional da Música
Bilhetes €5 | sócios €3
www.yurimarqueze.wix.com/yurimarcheseguitar
Notas ao programa
A pluralidade da carreira de Egberto Gismonti torna difícil qualquer tentativa de rotulação de sua música. Fora do Brasil as vezes consideram-no como “World Music”, “Brazilian Jazz” ou “Cross-over”, porém tais termos’ não se aplicam quando aprofundamos o nosso conhecimento sobre a sua música.
Do frevo à música experimental, de pequenas canções à longas obras instrumentais, a música de Egberto Gismonti carrega um caráter que o permite ser reconhecido em todo o mundo. A sua habilidade de multi-instrumentista permite-lhe tocar piano e guitarra de tal maneira que se torna possível a separação entre as figuras de pianista e de guitarrista, não por falta de qualidade de um ou do outro mas, pelo contrário, por ser único na sua forma de abordar cada um dos instrumentos.
Como guitarrista, a sua performance segue uma linha diferente da pianística. Se ao piano Gismonti tem uma limpeza que tem origem nos seus estudos de conservatório, na guitarra foi autodidacta, o que deu liberdade para decidir o seu próprio método e desenvolver o seu modo peculiar de tocar. A partir das gravações de Baden Powell (uma de suas principais influências e a quem dedicou a peça “Salvador”) e de transcrições de métodos de piano, Gismonti criou uma forma de tocar guitarra. Depois expandiu o instrumento ao utilizar violões de oito, dez e quatorze cordas, o que lhe proporcionou novas extensões harmônicas, com o objectivo de que a mente de pianista se encaixasse na guitarra.
Se Gismonti é conhecido por tocar quase exclusivamente originais, o que dizer então das peças que compôs, mas que nunca tocou? Essa é a questão principal quando se trata de ”Variations pour guitare” (1970) e “Central Guitar” (1973). Estas obras são “fechadas”, ou seja, não há abertura para a improvisação (como há em boa parte de sua música): o intérprete deve segui-las do início ao fim sem alterações na composição. Apesar de se reconhecerem as suas principais influências (como Villa-Lobos e Baden Powell) em elementos de sua performance geral, tais obras são compostas com uma linguagem experimental.
O programa deste recital, portanto, gira em torno do que influenciou Gismonti e o que foi influenciado por ele. De Baden Powell, duas obras do seu “catálogo” para guitarra solo: “Valsa sem nome” e “Choro para metrônomo”. Heitor Villa-Lobos é apresentado com dois dos seus doze estudos para violão (1928), série que é um divisor de águas na história do instrumento devido ao emprego de novas possibilidades de composição para a guitarra. “Aquarelle” (1988) é a primeira obra lançada por Sérgio Assad. É uma peça complexa em que o compositor explora formas da música brasileira aliadas às técnicas composicionais tradicionais. A influência de Gismonti pode ser escutada através de algumas citações e também pela utilização de algumas de suas peculiaridades técnicas. Por fim, a Sonata de Almeida Prado, que não faz relação direta com o homenageado, mas mantém a linhagem de compositores que, a partir de Villa-Lobos (e assim são Gismonti e Assad), desenvolveram uma nova concepção de escrita para o violão através da união da música popular/folclórica brasileira com as formas tradicionais da música erudita.
Yuri Marchese
Yuri Marchese, nascido em Vitória (ES) é mestrando em Música na Universidade de Aveiro (Portugal) sob a orientação do professor Paulo Vaz de Carvalho. Formado em Música pela Universidade Estadual de Londrina (PR/BR), estudou com Inacio Rabaioli, Natanael Fonseca (UEL) e foi aluno particular de Fabio Zanon (SP). Realizou sua primeira digressão no estrangeiro aos 22 anos e já se apresentou em importantes cidades no Brasil e na Europa como São Paulo, Curitiba, Brasília, Praga, Lisboa, Porto, entre outras.
É frequentemente convidado para festivais e séries internacionais de concertos. As suas participações incluem o Festival de Música de Londrina, Série Palcos Musicais, Young Prag Festival (CZ), Semana da Guitarra de Águeda, Irmão Violão e Zêzere Arts Festival (Portugal).
Conquistou diversos prémios, com destaque para o 1º lugar no VII concurso FITO (SP, 2012), o 2º lugar e Melhor Intérprete Capixaba no X Concurso Nacional Villa-Lobos (Vitória, 2013), o 2º lugar no I Concurso Terras de Santo Estevão (Portugal, 2015), entre outros. Entre 2010 e 2014 foi bolsista do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.
É professor há mais de dez anos. Trabalhou em Portugal no Conservatório Regional de Coimbra, Conservatório de Música de Coimbra e no Conservatório David de Souza em Figueira da Foz.
Homenagem a Egberto Gismonti
Programa
Baden Powell (1937-2000)
Valsa sem nome
Choro para metrônomo
Egberto Gismonti (1947)
Variations: À la mémoire d'Anton Webern (1970)
Central Guitar (1973)
Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959)
Estudo nº5
Estudo nº7
Sérgio Assad (1952) - Aquarelle (1992)
I. Divertimento
II. Valseana
III. Prelúdio e Toccatina
Almeida Prado (1943 - 2010) - Sonata (1980)
I. Vigoroso
II. Cantiga
III. Interlúdio
IV. Toccata Rondó
- Organização:
- Associação dos Amigos do Museu Nacional da Música
- Local:
- Museu Nacional da Música