O edifício da Hoechst Portuguesa S.A., não pode deixar de ser analisado na sequência do debate gerado na cidade do Porto, em torno de uma renovada forma de integração dos equipamentos, que passam a assumir inteiramente uma função urbana, cosmopolita e contemporânea.
Concebido quer para sede da empresa, quer para local de produção de corantes para indústria têxtil e pigmentos para indústria de tintas, o edifício desenvolve-se, assim, dentro de uma matriz racional, articulando modernamente dois corpos em “T”. Uma uniforme e sugestiva cortina de vidro exibe a pluralidade do programa, que distribui entre quatro pisos, áreas de gabinetes, laboratório químico, laboratório de anilinas, zona farmacêutica e posto médico. O segundo corpo destina-se ao armazenamento dos produtos, com plataforma de cargas e descargas e zona de pesagens. Este seu lado esquemático e programático é, no entanto, rompido por uma série de qualificados apontamentos, que enriquecem formalmente o conjunto e lhe conferem uma notável pujança plástica, que retira dos materiais novas sugestões criativas, através da alternância dos efeitos de ensombramento e luz sobre a fachada de vidro, da recortada laje que cobre a casa do guarda ao nível do terraço, da vigorosa pala que assinala a entrada do edifício sendo revestida a pastilha colorida, ou, ainda, no trabalho plástico do pavimento exterior que forma um mosaico quadriculado. Mas, sobretudo, no tratamento diferenciado ao nível do piso térreo, quer pelo seu revestimento a ladrilho cerâmico pigmentado, formando padrão, quer pelo recuo do pano da fachada, que se solta das suas funções de suporte por meio de um vão contínuo, ultrapassando, em extensão, os limites do próprio edifício.
Inaugurada em 1965, esta obra, pela capacidade de adequação de novas soluções técnicas e plásticas, manifesta de forma clara a generalização e assimilação dos pressupostos do modernismo em Portugal.