Há, ainda, a assinalar «as arrepiantes monumentais naves subterrâneas»1, espaços emocionantes, erguidos como verdadeiros monumentos à modernidade, que permitiram a criação de condições de conforto no ambiente de trabalho fechado e subterrâneo das centrais escavadas, atingindo um desenvolvimento surpreendente no caso de Miranda, pelo tratamento da abóbada, forma dos pilares na sua articulação com a ponte rolante e dramatização geral do espaço enfatizado pelo trabalho da luz.
Diante da singular harmonia desta nova “natureza”, arquitectura assumiu sem receio a abertura a um diálogo recriador com o contexto em que se integra, «como se de um novo início se tratasse, não de um processo, mas da concretização instantânea, total e definitiva de uma nova estrutura civilizacional»2.
O aproveitamento hidroeléctrico de Picote, situa-se na bacia hidrográfica do Douro (com uma área de 97000km2), no troço fronteiriço com Espanha, designado por Douro Internacional.
O Edifício de Comando e Descarga implanta-se num vale profundamente encaixado entre margens muito abruptas, junto ao coroamento da barragem à cota 480.
A barragem forma uma albufeira com uma extensão aproximada de 21 km.
As características hidrológicas do Douro Internacional, dão-lhe uma configuração convidativa ao aproveitamento hidroeléctrico, o que tornou necessária a regulamentação precisa das bases jurídicas e técnicas em que se apoiasse a concepção das obras.
Para além dos importantes contributos ao nível da satisfação de consumos de energia eléctrica nacional, da melhoria das condições de navegabilidade do rio, e criação de postos de trabalho, a exploração deste aproveitamento constituiu, ainda, um factor de progresso e desenvolvimento económico desta região. O aglomerado populacional criado durante a construção do aproveitamento veio trazer novas infra-estruturas para a região.