Edificado na antiga Quinta dos Ulmeiros, arrabalde de Lisboa na década de 40, da cidade do cinema em Lisboa, do conjunto arquitectónico que materializa a Tobis restam hoje apenas dois edifícios autónomos: o Laboratório e o Estúdio. De facto, nos seus tempos áureos este grande empreendimento, que compreendia ainda uma cenográfica piscina, adquiria, ao sabor das metragens aí produzidas, a feição de uma cidade efémera.
O edifício do Estúdio onde decorriam as filmagens, estruturado num grande vão de 34 x 19 m, compreendia o fosso cénico, as salas de adereço cenográfico, os camarins de actores e dependências dos serviços de apoio, bem como uma imponente teia suspensa em asnas metálicas a perfazer uma galeria de luz. Construído em paredes de alvenaria hidráulica, este edifício apresenta cobertura metálica e fachada principal contracurvada lembrando algum expressionismo dos anos 30.
O edifício do Laboratório, concebido numa linha formal horizontalizante, estrutura-se em dois pisos, recebendo os serviços administrativos e laboratoriais. A par de uma concepção funcional das diversas áreas envolvidas na particularidade deste projecto – salas de som, laboratórios de fotografia, laboratórios de revelação e salas de mistura – o arquitecto procurou como solução construtiva a utilização de materiais incombustíveis, tendo em linha de conta o tipo de indústria operada neste espaço. O conjunto da Tobis materializa um dos exemplos mais qualificados da produção arquitectónica dos anos 30 em Lisboa, respondendo a um programa inédito.