O conjunto edificado redesenha a forma rectangular do quarteirão aberto no interior formando um extenso pátio. O edifício da administração forma o topo norte ligando-se aos três corpos em U das oficinas através de dois corpos de passagem elevados sobre pilotis. A cobertura em terraço que remata todo o conjunto é ocasionalmente substituída em certas zonas fabris por uma cobertura em "shed" permitindo a entrada directa da luz norte, mas também por áreas de terraço preenchidas pelo tijolo de vidro cilíndrico, de utilização tão comum nas obras modernistas dos anos 30.
A obra do edifício da Administração estaria praticamente concluída em Setembro de 1936 quando surge a polémica a propósito do topo poente do edifício e da sua linguagem moderna. A Secção de Belas Artes da Junta Nacional de Educação pretendia que fosse realizado um "projecto de embelezamento do alçado poente". Ao que o autor contrapôs, reivindicando o "paradigma racional e na necessidade de o edifício responder à funcionalidade interior".
Em Agosto de 1937 é lançada a concurso a 3ª e última empreitada destinada à construção do edifício das oficinas. Também a leitura deste processo coloca questões úteis ao entendimento da expressão modernizante que empenhadamente os arquitectos propunham e difundiam. E o parecer que o Conselho Central de Obras Públicas pronuncia em Dezembro de 1938 é bem esclarecedor desta situação, admitindo à partida tratar-se de um estabelecimento de carácter industrial, e que por isso “as razões de ordem prática devem naturalmente sobrelevar a tudo mais”. Admitindo-se então que “os grandes panos de parede, a proporção larga das janelas, a lisura da composição - são tudo feições adequadas aos edifícios fabris”.
Marcação de um paradigma de qualidade na construção, revela o amadurecimento do austero expressionismo do seu autor na articulação sábia dos vários volumes que formam o quarteirão, assumidos com presença e funções diferentes e onde se destacam as duas entradas: monumentalizante no edifício da administração e, articulada com outra liberdade, a entrada reentrante do corpo de esquina das oficinas jogando com o relógio, o baixo-relevo, e o revestimento texturado dos tijolos esmaltados de verde dos panos entre pilares.